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sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Happiness

Amanheceu um novo dia, ensolarado e diferente, é a melhor sexta-feira das últimas sextas feiras, bem como cada dia dessa semana.
A ansiedade o toma, de tal forma, que se pega sorrindo, ao lembrar dela, ou fantasiar o final de semana. São muitas sensações para administrar, e ele quer sentir profundamente cada uma delas. Se pudesse, viveria sentindo-as pra sempre.
Sair com uma mulher incrível assim, é maravilhoso, é inacreditável e mesmo se for a última vez, ele vai entender.
Desejou que o tempo parasse por dois dos dias que passou ao lado dela, hoje ele só quer avançar, como se houvesse um controle pra isso, até momento em que seu coração acelerasse de novo, antecedendo a presença dela.

Era manhã do dia anterior ao de hoje, ele, ainda sob os efeitos de uma quarta-feira, onde a abraçou, onde segurou sua mão, a viu, e ela estava linda, ele percebeu que ela já havia acordado, pelo status do seu aplicativo de mensagens. Quando o celular vibrou, ele de alguma forma, sabia. Sentiu um calor subindo pelas suas costas, rapidamente, ao mesmo tempo, um frio deu as caras na sua barriga. A notificação confirmou, era ela. Leu a mensagem algumas vezes, não sabia o que responder, tentou deixar a pergunta mais clara, fazendo outras duas. A conversa foi se desenrolando e ficando mais clara, a felicidade, que nele habitava, foi deixando seus espaços ainda maiores, de uma forma que faz as pessoas cantar, sorrir sem perceber. Aquele era ele, não o canguru, sentimento mais sincero que aquele é impossível, pediu pra que não acordassem ele, se fosse um sonho, porque era naquele que queria viver. Mas felizmente não é. Conversaram o dia inteiro, combinando, ajustando os detalhes para o final de semana. Ela foi a última pessoa que ele falou, antes de adormecer.
Acordou então para mais um dia. Sentado ao chão do banheiro, enquanto a água corrente passava pelo seu corpo, ficou ali por uns três minutos, olhos cobertos por pálpebras, sentindo a felicidade, como quem sente o sabor de algo incrivelmente delicioso.
Que sensação maravilhosa, ser ajudado, e poder ajudar nesse momento de tanta dor e bagunça, que satisfação, estar, de alguma forma, em sua vida.
Por favor Terra, a partir de amanhã, gire bem devagarinho.

"Happiness hit her 
like a train on a track"

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Mágica

Era quase 18h, e ele aguardava ansioso. Quando finalmente marcou seu ponto comprovando sua saída, "biometricamente", não se importou com a leve chuva que caia sobre sua cabeça. Sentia fome, pois mal conseguiu almoçar. Pediu dois lanches num fast food próximo ao seu trabalho, comeu tão rápido quanto chegara o pedido. Foi ao ponto, pegar um ônibus para o metrô Carrão, que era mais próximo é mais rápido chegar que o Tatuapé. Chegando na estação, ouviu dizer através do sistema de som, que os trens estavam com maiores intervalos. Só podia ser brincadeira, pensou ele.
Havia comprado chiclete na hora do almoço, esqueceu no bolso esquerdo da sua calça jeans. Pouco antes da estação Sé, ela o pediu pra comprar. Ai então, ele lembrou que já tinha. Pegou um. Finalmente, a estação Barra Funda, parecia bloco de rua, no ápice da numerosa presença de pessoas. Sério, só podia ser brincadeira. Quando enfim conseguiu atravessar o mar de gente, foi a passos largos, em direção ao local do evento.
- Homens à direita senhor.
Entrou na esquerda. Voltou e pegou o caminho certo. Sem sinal de internet móvel, ligou para a amiga dela, que a acompanhava, que deu as coordenadas de onde estavam. Ele então, foi na direção. Ela, sentada ao lado da amiga, numa fileira de cadeiras vazias, parecia estar iluminada, pois a viu de longe. Seu coração acelerou. Com o traje tradicional de colação de grau, levantou-se para abraça-lo. Ele ainda não sabia como parar o relógio.
Buscou um refrigerante, pois não foi a melhor das ideias, para seu estômago, comer tão rápido, e andar igualmente veloz. Aproveitou para presentea-la com uma raspadinha, que ela tanto adora, e merecia. 
Disse que estava passando mal, quando já na fila formada para se organizar em seus lugares no palco. Foi até o encontro deles (ele e sua amiga) para tomar uma larga dose de uma espécie de calmante natural. Segurou sua mão enquanto isso. Quanta magia havia naquele momento.
Ele a viu no telão, indo para seu assento, tão linda ao vivo como naquela reprodução digital.
Durante a cerimônia, sentia-se melhor, o que o aliviou. Ele a via de longe, igualmente bela.
Ao fim da cerimônia, encontram-se onde haviam combinado. Ele foi surpreendido com o pedido dela de tirar fotos. Ele acha que conseguiu esconder sua euforia. Mas olhando pra foto, enviado por ela, posteriormente, vê-se um dose extra de felicidade. Abraçaram um ao outro, e o tempo não parou. E de novo, antes de ele, partir para longe dela. Não ouviu seu nome chamado por ela, para um último abraço naquela noite. Dormiu com a dor de saber que aquele que foi o último, poderia ser o antecessor de mais um.
Na volta dele pra casa, na estação antes dá qual ele desceria, e onde seu pai já o aguardava pra levar para casa. Um trem a frente quebrou, ao menos esse foi a informação dá companhia responsável por eles. Só poderia ser brincadeira, mas mesmo assim, nem mesmo isso, foi capaz de tirar o sorriso no rosto dele, que ali estava estampado, desde quando a viu, iluminada na fileira de cadeiras vazias. Foi um dia mágico, sem sombra de dúvidas.

"Tudo vale a pena pra te reencontrar
Me livrei de tudo aquilo e consegui mudar
Tudo que foi feito em troca de uma amizade, mas
Felicidade é poder estar
Com quem você gosta em algum lugar"

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Dias de luta, dias de glória

Quatro anos, que dedicou com muito amor, aos estudos, parte deles dividido entre a universidade e o emprego, tratando do bem estar no dia a dia de animais, principalmente aqueles onde dedicou seu trabalho de conclusão de curso. Soube através delas, aliás, que esse está processo de publicação, incrível. Não era pra menos, o esforço dela, mesmo que sem expectativas de crescimento na área, foi plausível, daqueles que ele nunca teve, até agora.
Oito semestres, sem ter que refazer uma matéria sequer, já ele, levou o dobro do tempo.
Hoje, é o dia da tradicional colação de grau, e tradicionalmente entediante. Ele foi convidado, numa quarta feira de futebol, o que faria ele então, dormir e acordar ansioso, pra isso? Ver o esforço de alguém, principalmente quem gosta, ser compensado, vê-la chegar ao final, de algo tão árduo, não tem preço, ou horário que faça desmotivar. O fato de estar presenciando, mesmo que ela um pouco desanimada com a realidade da área, sua conquista, é algo maravilhoso. Não há sentimento que se difere de ansiedade e orgulho. Que mulher. 
Seu futuro será brilhante, não há como não ser assim, diante do talento que ela dispõe. Talento esse em vários aspectos, pessoal e profissional. Ele a admira de tal forma, e se espelha nela, isso foi provado, quando ele perdeu sua avó. Não existe ninguém que não tenha algo a ensinar, e com ela, ele tem muito a aprender.
Que chegue logo a hora, de vê-la, aplaudi-la, de parabeniza-la, de abraça-la. Não vê a hora.

"Do I wanna know
If this feeling flows both ways?"

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Reencontro

12h58 e ela apareceu, ele ja estava lá, onde marcaram o encontro há 9 minutos. Ela era pontual com o Big Ben, ele amava isso.

Sábado, voltara do dentista, não sem antes passar no mercadão do município pra comprar um yakissoba. O calor era forte, seus pais foram relaxar na piscina do clube, estava novamente sozinho.
Queria não estar em casa, queria algo diferente naquele final de semana, na sua cabeça, a imagem de uma mulher apareceu forte. Seu coração então, gritava, dizendo para chama-la pra sair. Mandou mensagem, e se arrependeu, logo após o envio. Pediu desculpas e também pra que ela não respondesse. Respondeu. Sua insegurança não o deixava fazer o convite, seu coração falou mais alto, e fez, ouviu o que esperava e que era compreensível, "não". Minutos depois, ela o perguntou o que havia pensado em fazer, e ele respondeu com a metade do que tinha pensado. Caiu sobre ele escolher um, e escolheu. Applebee's, shopping Eldorado, onde tinham algo a ser feito, realizado. Ela, então respondeu com um "ta bem".
 - Ta bem? 
Perguntou ele.
- Sim
Respondeu
- Isso é um sim de: Vamos?
- Sim
- Sério?
Ele não acreditava
- Serio
- Quando?
"Resposta clássica".

Nesse instante, sentiu o tradicional sintoma físico de nervosismo e ansiedade.
O "não" ele ja tinha, e continuou com ele, até o "ta bem".
Seu domingo, era normalmente preguiçoso, parado, e esse foi bastante cansativo, e ainda mais prazeroso. Faria isso, toda semana, se pudesse.

Quando a viu, queria pular a catraca do metrô e correr para seus braços, elas estava do outro lado, mas precisava ser contido, precisava manter suas emoções controladas. Um sorriso, e um abraço, queria estar ali pra sempre. Segurou sua mão, e sentiu uma paz indescritível, com a tristeza de saber que havia um prazo de validade.
Passaram quase 12 horas juntos, alegre, sem pressão, eram apenas duas pessoas que se conhecem bem, que estão feridas, se ajudando, se divertindo. Cada olhar dele, era como olhar uma miragem, as vezes precisava toca-la pra saber que mesmo que acabasse a noite era real, e era muito real, inacreditável, estar ali, ao lado dela, fazendo-a sorrir, isso é uma das melhores coisas que ele faz na vida, e ama isso. Aproveitou cada segundo, cada conversa, cada toque. Queria que o tempo parasse, mas não pode. Então gravou a imagem daquele dia em seu coração, e nunca ira apagar. Ela é linda, carinhosa, atraente. É a melhor companhia que ele pode ter em meio a aproximadamente 7,125 bilhões de pessoas. Como pode gostar tanto da presença dela? Como pode sentira tanta falta, e tanta saudade?
Como disse, ele não ficaria decepcionado, ficou com o coração alegre, foi tudo melhor do que poderia imaginar. Ela sabe como faze-lo feliz. E ele espera profundamente te-la feito igualmente.
Se fechar os olhos, consegue sentir seu corpo o abraçando.
Ele não para de olhar para seu pulso esquerdo.

"Eu, quero que teu ônibus demore e quando ele vem meus olhos ficam como os do Wall-e"

terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Ainda é 2017

Acordou de manhã, na verdade um pouco mais tarde, pois tinha consulta médica como em toda terça, com exceção na passada, pois foi buscar o passaporte. Estava ele um pouco, digamos, desapontado, por estar acordado sem ter sonhado a noite. Nenhum sonho, nem mesmo com ela. Como de costume, olhou seu celular, procurando notificação com seu nome, não encontrou, o que é perfeitamente normal, e então disse em voz baixa:
- Falta muito pra 2032?

Passando pela avenida Pires do Rio, sentido metrô Itaquera, lembrou do primeiro dia do ano, a tarde onde foram atrás de algum mercado aberto para fazer o que tanto gostavam: cozinhar juntos. Mas como dito, já era a tarde e só encontraram uma padaria aberta. Se contentaram com um lanche e cerveja. Que estavam ótimos, aliás. Ele pensou que não devia ter deixado isso pra trás também, eles sempre adoraram cozinhar. Devia ter feito aquele hambúrguer que prometeu e não poderá cumprir.
Queria cozinhar com ela pra sempre.


"Keep me in your memory
Leave out all the rest"

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

"Sextou"

Sexta-feira, antes motivo de alegria e ansiedade, de encontrar-se nos olhos dela. De ser seu lugar pra retornar, de seu colo ser o lugar dela, com tanto pra contar e ouvir. Dia de começar um final de semana juntos, de planejar e não fazer, dia de dormir juntos.
Hoje, esses dias não passam de um amplificador de dor e angustia. De ter que ficar na esperança de receber um “oi”, ainda mais que nos outros. De se trancar no quarto, alternando entre coisas que não lhe dão satisfação, de olhar suas fotos ainda no seu quarto, e dizer em voz baixa: “Queria que você estivesse aqui. Ou me deixasse estar ai, seja lá onde você está.”
Ainda guarda a cerveja dela, na geladeira. Uma Sol que comprara, junto de uma Heineken que ele tomou ao seu lado, vendo “Largados e pelados” no Discovery Channel, fumando narguile, no dia 30 de dezembro de dois mil e dezesseis. Lembra dela sempre que abre a geladeira (E ele faz muito isso, desde sempre), e espera um dia que ela possa abrir aquela tampinha, e lembrar de quando eles as colecionavam.
Geralmente, nesse dia, a luta contra a vontade de mandar mensagem fica ainda pior, e sente que tem lutado também contra a vontade de chama-la no portão de sua casa. Lutar contra suas vontades é difícil, pior ainda quando são as vontades do seu amor por alguém, e impossível lutar contra o coração.
Continuar lutando contra aquilo que pode, é o que fará (mesmo que um e-mail seja enviado, só pra ela saber que ainda, ele esta lá).

Amanhã estará sozinho novamente, no dentista, mas preferia estar com ela, em outro país.

Ele a ama, incontrolavelmente.
Demorou a perceber, que na há nada que ame mais, que sua parceira. 

Quanta dor cabe num peito
Ou numa vida só?

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Green Hope

Seu celular notifica que há algo que deve ser visto, um led, pequeno, delicado verde (sua cor favorita), brilha no canto superior direito, por detrás da película protetora de vidro. Toda vez, a mesma expectativa: encontrar o nome dela centralizado na notificação, mais uma vez, decepção. No bolso, uma reação se repete sempre que o sente vibrar, uma sensação de calor subindo pelas suas costas com duração de aproximadamente um segundo.
Não importa se o sistema de notificação do celular, mostra que deve olhar seu aplicativo de mensagem, se é no e-mail ou ate mesmo atender uma ligação, ele sempre tem a mesma esperança.
Recebeu um par de notas de voz dela, numa conversa tensa, ouve quase todas as noites, sente a mescla de dor com uma felicidade inexplicável.
"...E mais importante, tenha a coragem de seguir seu coração e sua intuição. Eles de alguma forma já sabem o que você realmente quer se tornar. Tudo o mais é secundário.
- Steve Jobs
"Cause all of me
Loves all of you"

Indie

Os dias se passam, e não amenizam a dor, ou o arrependimento. Sente falta de seu toque, do seu cheiro. Tudo que está relacionado a sua presença. 
Seu corpo, insiste em perguntar por ela, vazio e oco.
Seu coração, insiste em apontar na direção daqueles olhos grandes, negros e brilhosos, como quem diz: “Ligue, diga pra ela abrir o portão”.
Seu cérebro não consegue separar a dor, para dar liberdade ao raciocínio, o canguru, desbotado, ja não esconde com perfeição a casca oca que cobre.
A vê em tudo, o tempo todo. Queria poder mandar “bom dia”, em mensagens no celular, ou responder as dela, no seu. Contar as inúmeras vezes em que pensa: "Ela gostaria de saber disso" ou "Preciso compartilhar com ela". Queria poder reclamar pra ela, sobre o transporte publico, por exemplo, sabendo que nada mudaria assim, mas que ao menos, poderia ler as doces palavras digitadas, enquanto enfrentava o caos do caminho de volta pra casa. Deseja saber como ela está, o que fez, o que comeu, quais seus planos pro final de semana.
Seu rumo, é ela, que parece estar há anos luz dele.
Queria contar cada trecho que achou sensacional, os personagens (Principalmente aquele que lembra um anjo numa casca de um humano, d’uma série que ela gosta) e como é, no geral, o primeiro livro de “uma trilogia de cinco”. O guia do mochileiro das galáxias.
Queria poder dividir o canto do sofá, ou qualquer lugar onde estaria ao seu lado, para assistir os filmes que indicaram e ele baixou.
Tudo é tão sem graça, sem ela. Tudo que antes parecia uma visão de um caleidoscópio, agora era um mangá, originalmente tedioso. 
Quanta dor é possível suportar, quando ela já não consegue estar abrigada no seu peito e passa ao seu corpo, sua mente? Parece impossível suportar o insuportável, até que você se encontre em tal posição, vendo que é isso que lhe resta. Sobreviver, ao invés de viver.
Em meio aos dias cinzas, das nuvens escuras, densas, seu coração insiste em faze-lo acreditar que ela aparecera como um sol, entre essa sombriedade.
Era tudo tão belo, mesmo nos dias mais feios, era tão elegantes, mesmo nos momentos cafonas.
Erros após erros, e as vezes pensa como já não tinha isso acontecido, como ela já não tinha ido embora, pois mulher não deve ser tratada como ele a tratava, tampouco ela. Se pudesse, faria tudo, que precisasse, diferente, daria valor pra qualquer coisa, mesmo que um ato insignificante. Sente saudades até de suas colisões involuntárias da cabeça na parede.

Estaria submetido a viver, vendo seu lindo e reluzente rosto somente por fotos? Através de atualizações em redes sociais? Parece ser um consequências justa e infinitamente dolorosa, que ele conscientemente aceita.
Vai espera-la, pelo tempo que for, por quantas vidas viver, só o amor, supera tudo.

Assim como o ar me parece vital
Onde quer que eu vá o que quer que eu faça
Sem você não tem graça

terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Sozinhos, em meio a multidão

Decidiu não deixar mais nada passar, nada que fosse preciso fazer ficaria pra trás, obsoleto. Seus hábitos de deixar pra última hora ou ignorar, fingir que não precisa ser feito, que poderia ser adiado, está com os dias contados. 
Faltava fazer uma coisa, herdada desse mau hábito, ele sabia que lhe causaria angustia. 
Despertou vinte minutos mais tarde, sonhara com ela novamente, não queria chegar antes que o horário de funcionamento, imprimiu o email de confirmação, pois o protocolo havia deixado na gaveta de sua mesa no trabalho, por esse motivo, temia não conseguir retirar seu documento. Sabia que ela o lembraria de levar esse protocolo, se seus caminhos não tivessem bifurcados. Lembrou quando foi realizar um orçamento de tatuagem, que se não fosse por ela, se precipitaria e acabaria marcando horário sem antes comparar preços com outros estúdios.
Embarcou no primeiro dos três trens que tomaria naquela viagem, e na estação seguinte a de seu embarque, a procurou. Não saberia dizer o porquê, se questionado.
Ouvindo podcast, de um capítulo sobre a segunda guerra mundial (não consegue mais ouvir música no caminho para o trabalho), seguiu pensando em como procederia, se não conseguisse o que saíra de casa pra fazer.
Na luz, acabaria ali a viagem de seu segundo trem, e partiria para o metrô. A linha amarela. Onde sempre estivera ao lado dela, nos bons e maus momentos. Queria que ela estivesse ali. Lembrou que o motivo pelo qual ela não estava, era por culpa dele. 
Todo o caminho, remetia ao mesmo trajeto que fez ao seu lado, pouco tempo antes. Sua memória estava dolorosamente fresca.
Estação Hebraica Rebouças, o desembarque do terceiro trem. Jamais estivera naquela estação sozinho, e imaginou que quando esse dia chegasse, seria pra entrar no prédio, e seguir para o andar da Intel. Se enganou drasticamente.
Atravessou o espaço que separava a estação do shopping Eldorado, deu de cara com o Starbucks. Haviam tomado café ali. Lembrou da conversa que tiveram, do learning de inglês de duas desconhecidas, do pardal que se alimentava de migalhas. Seguiu rapidamente para o segundo subsolo, enquanto sua memória trabalhava insanamente para derruba-lo, engoliu o choro.
Dobrando a direita após o último lance de escadas, viu uma assessoria de visto americano, seus olhos fitaram o local automaticamente, desviou o olhar, para a unidade de visto da policial federal, por um momento, viu a si mesmo ao lado dela, sentados no banco esperando serem chamados. Foi para a fila de retirada. Rapidamente foi chamado. Quando questionado se estava munido do protocolo de solicitação, sentiu o chão afundar levemente. Mostrou o email impresso, mas somente um documento de identidade com foto e número de CPF já era o suficiente. Sentiu um breve alívio. Assinou seu nome no passaporte após fazer leitura biométrica do seu polegar direito. Olhou para o passaporte e pensou que estaria mais feliz. Pois ele não sentiu nada além de frustração. Seu único motivo a se alegrar era que havia não deixado mais um "problema" de lado. Encarou a dor, e resolveu o que precisava ser resolvido.
Guardou o documento no meio do "Guia do mochileiro das galáxias" e pôs o livro na mochila. Seguiu os lances de escadas rapidamente, não antes sem ver o Sí Señor, onde se imaginou comparando o cardápio com o restaurante favorito deles.
No caminho inverso, parou para tomar café. Um Refresher de limão e um muffin de muçarela de búfala, queria sentar na mesa onde estiveram, mas ela estava ocupada. Sentou-se ao lado. Lembrou da conversa sobre, tomar café no starbucks antes do trabalho. Ele estava fazendo isso agora, e era assustadoramente sombrio. Finalizou sua alimentação, e partiu rumo ao seu emprego. Vestiu-se de canguru.
Seus dias, eram agora como um filme ruim, onde você prefere cochilar para que chegue logo o fim. Nada lhe dava mais prazer, apenas existiam ações que não aumentavam a dor.
Esteve só, em dois lugares onde jamais esteve sem ela. Queria não sentir mais isso.

"Hello darkness, my old friend"

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Sonho

Levantou-se, para mais um dia encarar, viver mais um. Ou seria menos um? Sentiu frustração com o despertar, não por acordar, mas por ter interrompido seu sonho. Mais uma vez, sonhou com ela, fato quase que diário. Seu sonho foi belo, nele, ela aparecia em sua casa, entrava em seu quarto, que ainda não era o atual, com os móveis planejados, era o anterior. Sua amada sentiu dor por estar ali, chorou, buscou abrigo em seus braços. Deitados à cama, adormeceram, juntos novamente. Pouco tempo após, acordaram, ainda no meio da noite, e ele ouviu o tão tradicional pedido dela, aquele com a palavra que eles definiram: Jasko.

Queria viver nos seus sonhos, onde ela ainda está ao seu lado, amando e sendo igualmente amada. Onde não há dor, restrição ou distância. Suas esperanças insistem em não ir embora, não sabe se isso causa mais ou menos dor. Queria poder falar com ela, diariamente, o dia todo. Queria saber do seu dia, mesmo que isso o assombre. Queria poder fazer tudo diferente com ela, como tem feito consigo mesmo. Sente saudades, sente dor, sente amor.
Ouviu dela que a fez sorrir, com uma surpresa, ganhou o dia. Queria poder fazer isso todos os dias, até que os dias se acabem.

"And still I dreamed she'll come to me
That we will live the years together
But there are dreams that cannot be
And there are storms we cannot weather

I had a dream my life would be
So different from this hell I'm living
So different now from what it seemed
Now life has killed the dream
I dreamed"

domingo, 5 de fevereiro de 2017

Alone, away

Amanheceu um novo dia, e ele despertou cedo, ouviu um movimentação característica de seus pais, quando eles saiam. Sua mãe veio lhe avisar que iria ao clube aquático, acompanhada de seu pai e sua irmã, sabia que ele negaria, mas mesmo assim, perguntou se ele queria se juntar nesse passeio. A resposta foi obvia. Talvez fosse melhor ter ido.
Pensou em muita coisa antes de cochilar, quando despertou novamente, e percebeu que estava sozinho, sentiu dor. Era a primeira vez em vários anos que estava em casa sozinho num domingo de manhã, sozinho de verdade, -  inicio da tarde - . Pensou em tudo que faria, se ela estivesse com ele, chorou, sentiu saudades, sentiu-se culpado, sujo.
Conseguiu coragem para levantar da cama, tentou preparar o seu tradicional café da "manhã", onde durante anos compartilhava a mesa com ela. Perdeu o pouco apetite que lhe restava.
Seus dias continuam difíceis, e amargos. Suas mudanças lhe ajudam a seguir em frente, vivendo um dia de cada vez.

Queria estar com ela, queria ser pra ela o melhor que poderia ser. Daria tudo por isso.

"Tive que aceitar
 Mas me perco sem você
 Tive que continuar
 Mas não vivo sem você

 Essa me faz lembrar de tudo que passamos
 Essa noite vou dançar sem você

 Onde estiver, saiba que eu sempre estarei aqui
 Mesmo que o tempo te levar"