Três anos atrás, Buenos Aires, Argentina, Hotel Two, duas quadras da avenida 9 de julho, a principal da capital, era tido por eles como "nossa casa", os abrigou por noites incríveis, os deu onde descansar depois de um sonho dele realizado, aliás mais um, o Hard Rock Café, onde ela conheceu Mariano, um barman guapo, onde comeram as melhores coxas de frango on the barbie de todos os tempos, onde assistiram, no balcão do bar, o primeiro El clássico do ano, Boca x River, vencido pelos "millionarios", que era a preferência dele. Ouviram de Bob Marley a Metallica, tomaram Quilmes, drinks exóticos, o dela numa taça longa, bem viril, o dele numa taça de Martini, com uma cereja, acreditaram que estavam trocados, mas não. Tiraram fotos clichês de turista (as guarda até hoje), e foi maravilhosamente agradável, voltaram pra casa embriagados, de táxi, sem lembrar o endereço do hotel, mas segundo as crenças, Deus olha pelas crianças e bêbados, chegaram bem à "sua casa".
Um translado pela cidade, passando pelo místico estádio de La bombonera, parando na casa rosada, próxima a igreja de Buenos Aires, de onde saiu o atual Papa, na faculdade de direito da cidade, foto clichês na flor metálica. O famoso e histórico Caminito, berço da tradicional dança de tango. A arquitetura européia, era de arregalar aqueles belos olhos. Na volta, antes do desembarque na feirinha tradicional, onde compraram souvenires pra amigos e familiares, foram lhe oferecidos uma montagem de ambos, como dançarinos de tango, não pensou e aceitou a oferta 100 pesos argentinos, menos de R$20,00, muito bem pagos por sinal, uma moldura que levara para sempre consigo, junto com um CD, contendo as mais famosas canções nacionais que embalavam aquela dança que artificialmente dançavam, a frente do Caminito. Voltaremos a falar dessa foto mais pra frente, pois agora seguimos com eles de van para Luján, cidade ao lado, famosa por seu polêmico zoológico, onde se podia entrar em jaulas de felinos, acaricia-los, bem como dromedários e elefantes, lhamas e por que não pôneis. Cada fila era uma ansiedade, pois criava um medo que antes não havia, pelo menos ele sentia-se assim, mas não poderia demonstrar, tinha que ser forte para ela não desistir, precisava mostrar que sua mão estava ali para ser segurada, e havia de ter firmeza. As 14h foram visitar um tigre branco, sua Tatuagem chamou a atenção dos tratadores, um elefante perfeito, na coxa, desenhado por um peruano que atua no Brasil, pensou como tinha sorte de namorar com aquela dama. Na jaula do leão, onde já haviam passado, ele conseguiu leite, numa garrafa de 600ml de Coca cola, e deu na boca do rei da savana, ficou paralisado com a beleza do animal, devia ter oferecido a oportunidade a sua amada, mas ela o fez antes de ele sair daquele transe, e tomou para si a garrafa e aquele momento histórico. Nada vai apagar, nada vai faze-lo esquecer os momentos naquele zoo, com ela, com os animais, com ela. Ela.
Tomaram sorvete de doce de leite no McDonald’s, comeram num restaurante chamado Flórida, o famoso bife de chorizo, com um molho estilo vinagrete com chimichurri cuja receita permanece um mistério entre eles até hoje. Tomaram a mundialmente famosa cerveja mexicana Corona pela primeira vez, foram ao mercado, compraram Carlsberg, coca cola da lata verde, que chegaria ao Brasil tempos depois, assim como a batata Lay’s.
Falavam em morar naquele país, onde era tudo diferente apesar de similar, olhar aquele obelisco ao lado dela todo dia não seria nenhum sacrifício, seria um prazer diário. Andaram bastante pela cidade, viram muita coisa, mas há mais a ser visto.
A cidade de Buenos Aires na Argentina, tem uma beleza única, inspirada nos seus colonizadores em cultura e arquitetura. As pessoas são fechadas, porém educadas, você respira a história que ela exala a cada esquina, é incrível. Impossível qualquer pessoa que tenha visitado e não tenha se sentido encantado, porém, de todos os turistas que por lá passaram ele foi o único que teve algo que deixasse tudo ainda mais incrível, toda beleza foi amplificada, até no simples ato de atravessar a rua. A sua mulher, sua dama, seu porto seguro, fez com que tudo fosse melhor, tudo fosse ainda melhor.
Três anos depois, olha pra foto na moldura e se sente vazio, sujo, como poderia ter aberto mão daquilo, como pode deixar que alguém que o fazia tão bem, esteja se sentindo tão mal? Como ousa? Tentou tirar de sua vista tudo que o fizera sofrer com lembranças, desistiu rapidamente, pois para não lembrar, teria que não existir, somente assim. Deixou as fotos onde estão, e as deixará, junto com os bilhetes colados ao fundo do guarda roupas, como a muda de cabelo que ela deu a ele, muda essa que era de teste de coloração. Ao menos nas fotos, pode vê-la sorrir, alias, que belo sorriso. Pode ainda ver a si mesmo, como um homem bom, puro, amoroso, o que não era nem sobra daquele que foi na reta final da faculdade. Hoje, indigna-se com o destrato de um casal, principalmente aqueles que ele cometeu. Como pode estar tão cego, a ponto de cometer tais erros?
Está em processo pra ser um homem ainda melhor que fora, para que se um dia tiver que acontecer, Buenos Aires possa recebe-los ainda melhor.
Sente falta dela, cada dia mais.